Saudades de Nova Iоrque

Saudades de Nova Iоrque

Сумата се прибавя директно в кошницата

12.54 лв.

Количество
Бърза поръчка



Платформата не носи отговорност за авторските права и съдържанието на споделените в нея учебни материали. Ако споделен учебен материал нарушава Вашите авторски права се свържете с нас.

.

Quer de mim qualquer coisa, uma tarefa simples. Fico para jantar. Bebo vinho branco. Sentamo-nos no sofa. Nada temos que fazer. Apetece-me beija--la e beijo-a, perguntando-lhe se a posso beijar. Ela beija-me e a lingua dela e a de um animal, de um gato. Depois afasta-me. Que nao pode continuar, de nada vale perguntar porque, nao pode continuar. Porque somos muito diferentes. Levanto--me e fujo para tras dela, envergonhado. Observo com minucia os caracois ruivos a cintilarem ao cairem onde o pescogo agarra o tronco. E belo, os cabelos, a pele tao branca. Ajoelho-me e beijo-a por detras. Ela agarra os meus dedos e morde-mos. Ja nada podera parar o que comegamos, diz o que eu repito devagar. Mas quando se vira para mim nao e ela. E uma rapariga que me olha com uma imensa ternura. Uma rapariga que conhego bem, e sei que nao e ela. Alucino, mas nao tenho medo. Dou-lhe prazer com as maos, com a boca, e depois com o sexo, e de cada vez que a olho tenho a certeza que nao e ela, mas a outra rapariga que nunca foi minha e tem um sorriso que anuncia e promete serenidade. O que mais quero e guardar aquela imagem para sempre, e depois sair dali o mais depressa que possa, levar comigo a memoria. Suo, sinto febre na cabega, asas a cres-cer. A beleza da rapariga que sorri, que nao para de sorrir gritando por prazer.

 

No elevador olho para mim, incredulo. Den-tro do carro ligo o telemovel. Tenho sete recados seguidos da C. que telefona logo a seguir. Pede--me que va ter com ela. Eu nao acredito em rniste-rios, nem na providencia, nem na transfigutaqao, nao acredito em nada disso, nem sequer no que vejo. Sao duas da manha. O porteiro espera-me. Subo por dois elevadores e uma escada em cara-col. O bar esta pouco iluminado. C. esta sozinha numa mesa. Tern os cabelos soltos. O ambiente e sordido. Sento-me a frente dela. O meu corpo e um material volatil, a minha carne combustivel. Esteve a chorar, os olhos ainda nao sabem mentir. Doi-lhe qualquer coisa muito fundo, uma coisa que tern a ver com a falta de amor, a violencia da vida. Agarro-lhe as maos para verificar como estao geladas. Uma mulher informa-nos que o bar vai fechar dentro de cinco minutos. Descemos as escadas em caracol, tomamos um elevador e depois o outro, saimos para a rua ingreme e deserta. Diz-me que nao tinha voltado ali desde que ali deixara um pedapo de corapao morto. Diz-me que o melhor, o mais sensato, e voltarmos para tras, ocupar com a nossa angustia um quarto e fecha-lo. Regressam as imagens da rapariga que desconhepo, o sorriso que promete toda a bonda-de, a olhar-me no fundo da alma enquanto tenho diante de mim uma mulher que outrora foi minha amacla. C. leva-me para um-pequeno jardim, que de tao iluminado ilumina tudo o resto em volta, pedagos de noite. Deixo abertas as portas do car-ro, a Paixao Segundo Sao Mateus aos berros, en-quanto um vagabundo passa e se vira lentamente para que me possa reconhecer nele. Toda a gente fugiu da cidade. Aquele lugar e ideal para o amor, diz C. Eu nao concordo. Passo-lhe a minha mao pela писа e pego que partamos depressa. Mulhe-res abandonadas assaltam-me o coragao. Deixo-a em casa. Volto para o meu hotel na Granja, 140 km por hora, sem acender os farois do carro. Nem sei o que £aga que me consiga fazer dormir. Fico sentado na varanda a olhar os comboios que passam. Tern o exacto tamanho daqueles com que brincava em crianya.

 

 

.

Свързани продукти